Carta Aberta a Uma Amiga que Conheci em um Encontro Imaginário

(O caso Sócrates...e uma reunião a 17 de Fevereiro…)

O Helder Costa, e o Teatro A Barraca têm, entre outras, esta enorme virtualidade  -  a de permitirem que pessoas que dificilmente se conheceriam, por viverem em universos diferentes, se poderem encontrar num contexto ainda por cima imaginado pelo Helder, nada real portanto, sendo-o na verdade.

Concordarás certamente comigo minha cara amiga o nosso Encontro Imaginário tu Evita Perón eu feito policia dos policias, (e ainda por cima perseguidor de Maçons), deram alguma mágica ao nosso conhecimento algo que  permanecerá por algum tempo pelo menos..

Mas hoje nem importa tal, não será da mágica do Encontro Imaginário que escreverei, embora seja um tema bem aliciante, desafio que é para os “convidados” do Helder que vão dar a cara a uma das suas Imaginárias Personagens…

Trata-se hoje de um Convite que fiz para uma reunião a 17 de fevereiro pelas 19 horas para conversarmos sobre a possibilidade de apresentarmos em coletivo uma queixa ao Conselho Superior da Magistratura contra o senhor que se apresenta como “juiz de instrução” um senhor Carlos Alexandre que tem feito tudo menos o papel do defensor do acusado alinhando em tudo o que um outro senhor que se diz Procurador um senhor Rosário que ainda não acertou em uma das múltiplas acusações que já fez via media a José Sócrates.

Reafirmo-te aqui o que já escrevi, acusado e condenado sem direito à defesa e por razões políticas que já fui pela ONU, pela União Europeia e pelo Estado português, posto à margem sem direito a ser sócio de empresas e cooperador de cooperativa sem direito a ser remunerado, ficou para mim bem claro que alguns dos que andam pelos meios judiciais adoram matar sem matar, (cobardes que serão provavelmente) e, no meu caso a solução terá sido simples, a mais simples, morrerá a fome e ao abandono …

Esqueceram-se que há Família, que há Solidariedade, algo que eles desconhecem…mas que doeu e me envergonhou “viver à esmola” e sentir o como alguns dos que me conheciam mudavam de passeio quando me viam isso doeu.

Cá se fazem, cá se pagam e há-de chegar o tempo da reposição da Justiça, podem crer…

Mas, como vêm, tenho razões bem evidentes para não calar a voz perante a Injustiça de muitos que da Justiça vivem e para dizer que exijo um Estado de Direito, aqui, no Planeta, na UE, em Angola e em Portugal e um Estado de Direito Democrático, onde os Cidadãos são Inocentes até prova em contrário!

Ofende-me ver como os media alimenta esta sem vergonha para “vender”, ver como aceitam fazer noticia onde o Direito à Inocência até Prova em Contrário “morreu no tinteiro”, ofende-me até ver amigos meus a aderirem com tanta facilidade a aceitarem ser “juízes” sem o serem, “acusadores” sem o serem e ofende-me porque já vivi situações ( a que relato acima não é a única…) onde passei de Cidadão a Humilhado e de Humilhado a Cidadão sem sequer ter direito a um Pedido de Desculpas.

Eu não sou Juiz nem Acusador e não o sendo o que tenho feito desde o inicio deste escândalo antidemocrático e anti Estado de Direito é dizer que Parem com o Abuso de Poder que um Cargo funcional dá (seja o de Procurador, seja o de Juiz de Instrução, seja o de Jornalista) respeitando no Processo, na Escrita, na Oralidade e na Visibilidade o Direito de Um Cidadão.

Ah, dizem-me ( já mo disseram até por escrito), e todos os que estão presos injustamente porque não Lutas por Esses?

E eu respondo que é o que faço usando o exemplo de um ex-primeiro ministro, de um ex leader partidário, para que a Justiça em Portugal passe a corresponder ao que lhe é exigido – isenção, transparência e defesa do arguido ate´ao momento da decisão judicial!

Na verdade, antes de terminado Processo José Sócrates já foi assassinado, pelo dito procurador, pelo dito juiz e pelos ditos jornalistas…

E tal eu recuso-me a admitir porque já vivi tal, já fui assassinado sem ser julgado!

Eis minha Amiga porque me será certamente mais fácil opor-me a este desconchavo totalitário que a muitos de vocês que lidam sobre o assunto como mera “conversa de café” alimentada pelos media e por esse punhal traidor e assassino que é a “fuga de informação” (também conheci essa experiencia, que ainda hoje tenho de aturar diga-se), algo que é penalizável, dizem até que está desde Novembro de 2014 uma inquirição em curso, sem decisão claro e sem impedir todas as “fugas de informação” todos os punhais assassinos que depois da tal inquirição continuaram a existir.

Não quero saber se José Sócrates é um não culpado, o que exijo é que haja um Processo limpo um processo que não me leve a pensar que o que ele está a viver não tem a ver com a posição de muita da Direita portuguesa que o odeia por ele ter despenalizado a Interrupção Voluntária da Gravidez e o casamento entre Pessoas do mesmo Género!

Porque me arrepia imaginar que estou nas mãos de procuradores e juízes deste calibre que aceitam até o apoio de fascistas como os do PNR….

Por isso defendo que se deve lutar pela reposição de um Processo limpo e transparente, no caso Sócrates e em todos os casos, e não a ter de viver com “dois pesos duas medidas” como vemos se pomos a par o caso José Sócrates e o caso BES (onde pelo menos o juiz de instrução é o mesmo…), onde tudo é permitido como temos visto até o haver tempo para se queimar papelada, (vidé as televisões….).

Por isso minha Amiga deixei junto de ti também este Convite para esta reunião, Convite que te espantou (e não espantou só a ti, outro amigo antigo respondeu-me com um Oh Joffre …tão significativo !).

Já vi que como todos os outros não acederás a este Convite e a ti por respeito explico que tudo bem pois com esta minha atitude fico de consciência tranquilo para, no dia em que se reponha a cena que Brecht já usou, aquela do vieram à minha rua prender um comunista…e depois um judeu…etc…e no fim não restava ninguém para protestar pela minha prisão, o que deu origem ao nazismo !

Sabes?

Assisti a algo no dia 7 de fevereiro, numa reunião da CML, que me sinto obrigado a reproduzir aqui – uma Jovem feminista levantou e bem a necessidade de um documento que iria sair daquela reunião fosse escrita numa linguagem que atendesse à Igualdade no Género…como eu gostava que as noticias sobre este caso Sócrates e todos os outros atendesse ao Direito à Presunção da Inocência também !

Mas enfim acredito, minha Amiga,  que só aos poucos como eu que sofreram com as visões totalitárias ( fui preso por fascistas e por sovietistas) estas “coisas” preocupem….



Joffre Justino

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